COM DEBATE SOBRE QUEM DEVE EXERCÊ-LA
E MERCADO EM FRANCO CRESCIMENTO - MAIS DE
700 AGENCIAS, PERSPECTIVA DE FECHAMENTO DE R$ 2 BILHÕES EM NEGÓCIOS EM 2014 E MOVIMENTO
DE COMPRA DE EMPRESAS DO SETOR POR GIGANTES DA PROPAGANDA – RELAÇÕES
PÚBLICAS COMPLETA 100 ANOS NO BRASIL
COMEMORAÇÕES
TÊM INÍCIO HOJE (27/11), EM SÃO PAULO,
COM
PRESENÇA DE LIDERANÇAS DO SETOR
CONRERP e ABRP organizam eventos comemorativos
entre os
dias 27 de novembro e 2 de dezembro
A atividade de Relações Públicas faz 100 anos em
2014 - um ano marcado pela conquista de uma nova posição na indústria da
comunicação: o setor de relações públicas chega a 700 agências, com perspectiva
de fechamento de R$ 2 bilhões em negócios, segundo a ABRACOM – Associação
Brasileira das Agências de Comunicação, e movimento de compras de empresas por
gigantes da propaganda, iniciado com a aquisição da CDN, líder entre as agências
de relações públicas, pelo Grupo ABC, de Nizan Guanaes.
Única dos campos da comunicação e do marketing
sob a égide de um conselho profissional – o CONRERP -, a exemplo dos médicos (com
o CRM) e dos dentistas (CRO), Relações Públicas enfrenta em seus 100 anos o
debate sobre a exigência de formação específica na área para ser exercida
oficialmente – há milhares de profissionais de jornalismo, publicidade e
marketing atuando na área sem o registro.
Há uma proposta de regulamentação da profissão que deverá ser votada em
2015 e que trata de possibilitar registro sob critérios que serão votados pelos
registrados. Recebeu o nome de Flexibilização, mas, hoje, utiliza-se o termo
Atualização para modificar a Lei 5377 de 11/12/1967. Os critérios para
atualização foram votados pelos Presidentes dos Conselhos Regionais e estão em
discussão e determinam, entre outros, que o postulante ao registro de RP no
CONRERP tenha formação superior, pós-graduação e se submeta a um exame
semelhante ao que os advogados formados são obrigados a fazer para conseguir o
registro na OAB – Ordem dos Advogados do Brasil.
Sobre a
Profissão
A
profissão foi criada oficialmente em 11 de dezembro de 1967, dois anos antes do
Jornalismo e mudou ao longo dos anos.
“Um bom RP
precisa saber pensar, saber planejar, saber ter sensibilidade para analisar
cenários, dominar línguas estrangeiras, redigir com clareza e facilidade,
aprender a ter opinião e principalmente entender do negócio do seu cliente”,
explica a professora Sidinéia Gomes Freitas, presidente do Conselho Regional de
Profissionais de Relações Públicas 2ª Região (Conrerp SP/PR) ao falar do perfil
profissional de RP na atualidade.
Segundo Sidinéia, “não é fácil ser um bom RP. Um bom profissional de RP se faz muito na
somatória entre conhecimento e experiência.” De acordo com a presidente do
Conrerp SP/PR, poucos jovens recém-formados em Relações Públicas vão assessorar
ou dar consultoria para presidentes de grupos multinacionais. “Na verdade, é preciso experiência,
conhecimento dos negócios da organização e muito preparo que não se obtém em quatro
anos de um curso superior.”
A presidente do Conrerp destaca que, hoje, RPs e
jornalistas estão trabalhando com assessoria de imprensa. “Particularmente creio que há necessidade urgente de se repensar o
fazer, as atribuições e os limites com ética e busca de maior preparo de ambas
as partes.”
Carlos Carvalho, presidente executivo da
Abracom, reforça os argumentos da professora Sidinéia. “O mercado da comunicação busca bons profissionais, não especificamente
jornalistas ou RPs, mas gente com abordagem de negócios, multidisciplinares,
interessados em trabalhar a comunicação para vários públicos”.
Ele acrescenta que o cenário está mudando. “O mercado contratou jornalistas durante
muito tempo, até porque a assessoria de imprensa era o carro-chefe da área de
comunicação”. Segundo ele, em 2003, os jornalistas representavam 80% dos
profissionais na comunicação. Hoje são 52%, apesar de os salários estarem
estagnados desde a crise de 2008, sendo reajustados apenas pelo índice da
inflação.
Agenda
de Comemorações
Para comemorar a data, o Conselho Regional de
Profissionais de Relações Públicas 2ª Região (Conrerp SP/PR), presidido pela
professora Sidinéia Gomes Freitas, e a ABRP/SP – Associação Brasileira de
Relações Públicas São Paulo, comandada por Marcus Vinícius Bonfim, realizam, entre
hoje (27/11) e 2 de dezembro, eventos voltados para autoridades, empresários e
executivos do setor, estudantes, professores e profissionais do mercado. As
comemorações contam com patrocínio ou apoio das seguintes empresas:
GM/Chevrolet, OCI, Mega Brasil, PR Newswire, General Eletric e Fecap.
A abertura solene das
comemorações será nesta quinta-feira (27/11), às 20h, na Assembleia Legislativa
de São Paulo, com palestra do presidente da Associação Latino-americana de
Relações Públicas, Marcello Chamusca, sobre “O futuro das relações públicas na
América Latina”. Está confirmada a presença das principais lideranças do setor,
entre as quais Audálio Dantas, membro do conselho consultivo da Associação
Brasileira de Imprensa.
O dia seguinte, 28 de novembro, será dedicado
aos estudantes, com palestra sobre mídias sociais, a ser apresentada pela
expert Carol Terra, às 17h, no Teatro Fecap. Também serão conhecidos os
finalistas do Festival Minuto RP, um
concurso de vídeos de até um minuto em que o videomaker poderá utilizar qualquer técnica digital, como animações
ou peças feitas pelo celular e cujo tema são os 100 anos de RP no País.
Homenagens
e Prêmio
No dia 2º de dezembro, no evento de entrega do
Prêmio Opinião Pública, haverá uma homenagem aos pioneiros da profissão no
Brasil, a renomados profissionais que contribuíram para o desenvolvimento e
história das Relações Públicas nestes 100 anos de profissão, em São Paulo e
Paraná.
Neste evento, Conrerp e ABRP vão destacar o
trabalho de onze homenageados. A AES Eletropaulo por ter sido a primeira
empresa privada a criar um departamento de RP em 1914; a J.Walter Thompson
(JWT), primeira agência internacional de publicidade a instalar-se, em 1929, no
Brasil, tendo realizado a primeira pesquisa de mercado e formado pioneiros do
setor de RP, como José Rolim Valença, José Carlos Fonseca Ferreira, Valentim
Lorenzetti, Vera Giangrande e Carlos Eduardo Mestieri que, posteriormente,
fundaram as agências de RP brasileiras; ADS Brasil, uma das agências de capital
nacional pioneiras em RP, com 43 anos de mercado; Antonio Silva Leite, decano
da ABRP, associado e inscrito em 1955; EBAP/FGV, que realizou o primeiro curso
de RP no Brasil, com apoio da ONU; TV Record, por ter exibido, em 1955, a
conferência sobre o tema Democracia e
Relações Públicas, feita pelo prof. Mário Wagner Vieira da Cunha, diretor
do Instituto de Administração da USP.
Outros destaques são a Editora Loyola, que
publicou a terceira e quarta edições do livro Para Entender Relações Públicas, primeira publicação sobre o tema
na América Latina, escrito por Cândito Teobaldo de Souza Andrade; Folha de S.
Paulo, por ter publicado na ainda Folha da Manhã os primeiros artigos sobre RP
(1956); Ford, que, nos anos 60 e 70, teve um dos maiores departamentos de RP do
País; Rhodia, provavelmente o mais emblemático case de RP da história do setor
no Brasil, com o programa Portas Abertas,
liderado por Walter Nori, em 1982, período da democratização do País; e
ECA/USP, primeira universidade a criar curso superior de RP no Brasil (1966).
Além
das homenagens, o Conrerp entregará o 33º Prêmio Opinião Pública, conhecido como o
“Oscar” das Relações Públicas, às 19h, no Conselho Regional de Contabilidade de
São Paulo. Serão conhecidos os vencedores dos melhores cases de 2013 e 2014 e
haverá a entrega dos troféus Abertura e Vera Giangrande. O evento termina com
uma apresentação musical.
Os ganhadores do prêmio são:
- Relações
Públicas e a Comunicação Integrada em Organizações Públicas. O case
premiado foi Nosso time merece essa conquista: comunicação e informação como
elementos estratégicos para a busca da Acreditação Internacional no Hospital de
Clínicas de Porto Alegre, desenvolvido pela profissional Ana Paula
Folleto do próprio hospital.
- Relações Públicas e a Comunicação Integrada em Organizações
Privadas ou Mistas. O case foi Conectando Gerações MasterCard, desenvolvido para a MasterCard
Brasil por Elisa Helena Polonio.
- Relações Públicas
e a Comunicação Integrada em Organizações do Terceiro Setor teve como
vencedor o case Reciclanip envolve a
população no recolhimento de pneus inservíveis – Informação e motivação no foco
do Programa de Relações Públicas, desenvolvido pela agência CL-A
Comunicação para a empresa Reciclanip, com coordenação da profissional
Larissa Michelom.
- Relações Públicas
e Públicos Estratégicos premiou a profissional Ingrid Rauscher, da ADS, com
o case Programa de Relacionamento Damha
para Você, desenvolvido para a Damha Urbanizadora e Construtora.
- Relações Públicas
e Redes Digitais - o case premiado é Blog
navegando juntos, uma ponte de interação com vários stakeholders,
desenvolvido pelo profissional Marcelo Gentil, da Enseada Indústria Naval.
Dois projetos receberão o Troféu Abertura, que premia
monografias e projetos experimentais de recém-formados ganhadores das últimas
edições da ABRP:
- As Relações Públicas no cenário da
sustentabilidade empresarial: planejamento de comunicação organizacional
estratégica nos processos de gestão para a sustentabilidade do Moinho Paulista,
um projeto experimental para a indústria, foi desenvolvido para o Moinho
Paulista, pelos alunos da Universidade Católica de Santos Aline da Silva Borges
Rezende, Camila Oliveira Borges dos Santos e Carina de Brito Souza, sob
orientação de Wellington Teixeira Lisboa. É um trabalho de 2013.
- São Paulo Companhia de Dança conquistou o troféu 2014. É
um projeto experimental do setor cultural e foi desenvolvido pelos alunos da
Faculdade Cásper Líbero Bianca Francisco Ferrari, Jessica Medeiros Barros Gomes
de Oliveira, Monica de Matos Czeszak, Thairine Cristina Lourenço Barbosa Teixeira
e Renata Faila Ferreira dos Santos, sob orientação de Ethel Shiraishi Pereira.
MERCADO
BRASILEIRO DE RELAÇÕES
PÚBLICAS
SOMA CERCA DE 700 AGÊNCIAS
O Brasil tem hoje cerca de 700 agências de Relações Públicas
e comunicação, 60% delas em São Paulo, seguido do Rio de
Janeiro, Brasilia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia. Há dez anos, o setor movimentou pouco menos de R$ 1
bilhão e, para 2014, a expectativa é de R$ 2 bilhões, de acordo com informações
da Abracom.
Pesquisa realizada pelo Conrerp, entre setembro
e novembro de 2013, com 50 profissionais do mercado de comunicação mostrou que
39% são formados em Relações Públicas, 33% são graduados em Jornalismo, 5% têm
diploma de Administração e 23% têm outras formações.
Dos entrevistados, 73% disseram trabalhar com
frequência com Comunicação Institucional, 65% com Comunicação Integrada, 76%
com Comunicação Dirigida. Entre os ouvidos pela pesquisa, 65% revelaram trabalhar
com frequência com Comunicação Empresarial; 67% com Comunicação Estratégica,
24% com Comunicação Pública, 59% com Comunicação Corporativa, e 65% com
Comunicação Organizacional.
A
HISTÓRIA: PRIMEIRO PROFISSIONAL DE RP É DE 1914
A primeira vaga
para um cargo de Relações Públicas no Brasil foi ocupada pelo engenheiro
Eduardo Pinheiro Lobo, na Light and Power Co., em 30 de janeiro de 1914. A
empresa, que chegara ao Brasil em 1899, fazia planos de expansão da rede em São
Paulo e Rio de Janeiro e precisava adequar sua comunicação para a cultura
brasileira. Pinheiro Lobo, passou 19 anos à frente do cargo, explicando tudo o
que a Light fazia, de modo a criar uma boa imagem da companhia. Não à toa,
Pinheiro Lobo é considerado Pai e Patrono das Relações Públicas
brasileiras.
A segunda vaga de
Relações Públicas foi ocupada, 37 anos depois, por Ewaldo Simas Pereira, que
assumiu o Serviço de Relações Públicas da Companhia Siderúrgica Nacional em 17
de agosto de 1951.
A partir dessas
primeiras colocações, uma longa história de conquistas se desenvolveu no
mercado de RP, com a criação da Associação Brasileira de Relações Públicas
(1954), a publicação da Lei 5.377 (1967) e de sua regulamentação, (1968), e a
criação do Conselho Federal (1969).
Em 1952 surge a
primeira agencia brasileira de RP, a “Companhia Nacional de Relações Públicas.
A empresa prestava serviços especializados de relações publicas, estudos de
formação de opinião publica e propaganda, sob a direção de Romildo Fernandes e
Jorge Ignacio Penteado da Silva Telles. A companhia mais tarde passaria a se
chamar “Assessoria Nacional de Comunicação Ltda”.
No dia 21 de julho de 1954, surge a primeira
associação profissional, a Associação Brasileira de Relações Públicas - ABRP,
formada por 27 estudiosos praticantes de Relações Publicas, com sede no
Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT).
Em 1965, inicia-se um trabalho de Ney Peixoto do
Valle, Presidente do Conselho Nacional da ABRP, e de Domingos Araújo da Cunha
Gonçalves, Presidente da Seção Distrito Federal para conseguir a regulamentação
da profissão de Relações Públicas no país.
O ano de 1966 marca o surgimento do primeiro
curso de graduação na Escola de Comunicação e Artes da USP, que começou a
funcionar no ano seguinte. No mesmo ano, sancionou-se a lei nº 5.377 que
regulamentava a profissão de Relações Publicas.
Em 1967, o resultado do trabalho de Peixoto e
Gonçalves: a instituição da profissão na lei através da lei 5.377, no dia 11 de
dezembro, e sua regulamentação em 26 de setembro de 1968, com a publicação do
Decreto no 63.283, que regulamentou a Lei no 5.377/67, como também a proposta
de criação dos Conselhos Federais e Regionais de Relações Públicas.
Nesse mesmo ano, a General Motors do Brasil
criou o Departamento de Relações Públicas, que realizou a uma experiência
pioneira encaminhando uma carta de apresentação do departamento recém-criado
aos funcionários. Nesta apresentação, era solicitada a colaboração dos mesmos
para o aprimoramento da comunicação dentro da empresa.
Esta solicitação só conseguiu seis respostas, o
que levou ao desenvolvimento de um trabalho de esclarecimento com utilização de
Manual de Relações Públicas.
Em 1978, o professor Candido Teobaldo de Souza
Andrade lança o livro “Dicionário Profissional de Relações Públicas”, no
momento em que começa a se separar a atividade de assessoria de imprensa da de
relações públicas. O livro representa uma das primeiras publicações na área.
A partir disso, começam a surgir, nos anos 1980,
departamentos e programas de pós-graduação, mestrado e doutorado que
deram fundamentação teórica para a profissão.
Nos anos 1990, uma série de encontros anuais,
chamados Parlamento de Relações Públicas, possibilitaram aos profissionais a
manifestação de dúvidas e insatisfações acerca da profissão e promoveram uma
reflexão sobre a atividade.
Do parlamento resultou um documento no qual os
profissionais definem novas funções e atividades específicas de RP. A partir
das definições, o parlamento cumpriu em parte o objetivo de democratizar a
atividade e tornar a comunicação um fator estratégico fundamental para a
sobrevivência da profissão no mercado.
Nos dias 29 e 30 de novembro de 2014, uma
reunião do Órgão Consultivo do Sistema Conferp definirá o calendário para
debates e votação online sobre as propostas de atualização da Lei nº 5.377/67
que rege a profissão. Com os resultados obtidos, define o calendário de ações a
serem implantadas.
VOICE COMUNICAÇÃO
Telefones: 11 3816 1230 / 3092 1230